Silêncio por favor!


Silêncio por favor!


si·lên·ci·o
(latim silentium, -ii)substantivo masculino
  • 1. Estado de quem se abstém ou para de falar.
  • 2. Cessação de som ou ruído.
  • 3. Interrupção de correspondência ou de comunicação.
  • 4. Omissão de uma explicação.
  • 5. Sossego, quietude, calma.
  • 6. Segredo, sigilo.
  • 7. Toque nos quartéis e conventos, depois do recolher…. 

Há dias que não suporto o ruído da rua, as pessoas a falarem alto ao telefone, outras a falarem de um lado da rua para o outro, o ruído das motas, os autocarros a passarem, as buzinadelas dos carros, as travagens bruscas no alcatrão,  megafones de publicidades, SILENCIO POR FAVOR! 
Chego ao escritório bem cedo e está tudo em silêncio, apenas se ouve um pequeno ruído dos dedos no teclado. Não se ouve o telefone, ninguém fala, zero, silêncio absoluto, que paz!Ligo o meu Spotify numa lista de música ZEN, ponho os auscultadores nos ouvidos e começo a imaginar-me algures num paraíso tropical onde só me falta ter os pés de molho e alguém a abanar-me com aquelas penas gigantes que se vêm nos filmes passados nesses paraísos para onde os ricaços vão nos seus jactos particulares. O relógio mostra as 9h e quebra-se o silêncio; entre os bons dias de alguns colegas e as gargalhadas de umas trocas de palavras mais acesas sobre o jogo do dia anterior entre outros. O telefone que toca e lá voltamos às buzinas na rua e ao ensurdecedor ruído da impressora que tem falta de óleo oh lá o que é, adicionando o ruído das obras a decorrer no prédio e a picareta a entranhar na parede que até parece que me vai cair o tecto em cima. 
– “(…) mas vocês não podem fazer isto!”, “então faz queixa!” – diz um colega para o outro. Pronto! Acabou-se o sossego, pensei eu. Uma pessoa não pode trabalhar em paz, porque tem que haver sempre alguém para quebrar o silêncio? Qual é o prazer de estar ao gritos?? De gritar com o próximo, e porque se permitem?
Do outro lado, outro colega que reclama porque outro lhe enviou um email com centenas de pessoas em cópia. Chateado começa a levantar a voz ao outro como se fosse galo de capoeira. Em poucos minutos dá um murro na sua secretária acompanhado de um berro. Oh meus Deus! – penso eu. Queres ver que ainda vão andar à porrada por causa de um email? Nisto, levanto-me para ir ao armário arrumar um dossier, no outro lado do corredor, e oiço vários colegas a dizer “então tenham calma!”.
Todo o open space pára de teclar, pareceu até que os telefones ficaram silenciosos naquele instante. “Parvalhão!” – chama um dos colegas ao outro já a fazer-lhe peito para espetar um soco na cara. Um terceiro colega agarra o primeiro pelo braço e leva-o para outra divisão da empresa, longe do conflito para acalmar a situação. Mas há sempre alguém que gosta de deitar mais achas à fogueira.Lá vem esta, pensei eu, não demorou muito…
– “O que aconteceu? Viste?” – “o que aconteceu é que as pessoas estão fartas: do stress, da falta de transparência, da falta de calma, da incompetência disfarçada, e são sempre os mesmos que pagam as faturas!” – disse-lhe eu. Percebendo que eu também não estava para dissertar sobre o que se tinha passado, fez uma cara de semi-enjoada e saiu da minha vista procurando outro que tivesse mais disponível para quadrilhar. 
Continuei à procura de silêncio para trabalhar concentrada. Olhos no meu computador e os auscultadores no ouvidos, semi deitada na minha cadeira e pernas esticadas debaixo da minha secretária, aguardando pelas 5 horas.Por favor, deixem-me trabalhar em ilêncio…murmurava. 
Finalmente, às 5 saio do escritório rumo a casa! Uma fila enorme para sair de Lisboa, para qualquer sitio que me vire ou há semáforos a empatar ou empatas que não deixam andar!! Que stress!!! 
Eu só queria um pouco de silêncio… 
Disturbed – The Sound Of Silence [Official Music Video]

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